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A consciência por trás da boa ação.

Escrito por Lain. Publicado em Bem Estar Animal, Doação de Animais, Proteção Animal | 3986 visualizações

Os dias andam complicados ultimamente. Principalmente para quem ama animais e se preocupa com as crescentes ondas de maus tratos que estamos vivenciando em todo o país. Abandono, espancamentos, animais queimados, enterrados vivos, esfaqueados, chutados, humilhados. Crueldades que abalam até os corações mais frios e insensíveis. Neste contexto, está cada vez mais comum vermos pessoas mobilizadas em prol desses animais, organizando passeatas, manifestações por leis mais rígidas, projetos para a retirada de cães e gatos das ruas entre outras ações de proteção. Mas muitas pessoas possuem uma visão totalmente equivocada do que realmente é proteger um animal, do que é fazer algo que efetivamente traga um benefício a curto, médio e longo prazo.

Então vamos ver: qual a sua visão de proteção animal? O que é proteger para você? Você acha que proteger é educar? Claro que é. A educação é a base de todo o processo e deve ser feita constantemente e em todas as etapas, pois é através da educação que você vai conseguir conscientizar, mudar opiniões e conceitos, abrir horizontes, instigar, plantar sementes que irão estimular pessoas a tomarem atitudes corretas. E estas pessoas, irão educar mais pessoas e assim por diante.

Mas é claro que somente educar não basta, é preciso mais. Resgatar, alimentar, reabilitar, vacinar, vermifugar, doar. Sim, retirar animais das ruas e doá-los a lares responsáveis é um ato nobre e merece ser incentivado, desde que realizado com critério e racionalidade. Então vamos lá novamente. O que mais importa para você, doar animais? Montar um álbum no seu perfil do facebook com milhares de fotos de cães e gatos que foram orgulhosamente entregues a novos donos? Dormir com a consciência tranquila por ter retirado dezenas de animais das ruas acreditando que você fez tudo e até um pouco mais do que podia, e portando, foi mais do que suficiente? Este é mais um grave erro que algumas pessoas cometem ao pensar que estão fazendo proteção animal. Pois a eficiencia de uma pessoa se mede não pela quantidade de animais resgatados e doados, mas sim com a forma como estes resgates e estas doações são conduzidas. Por exemplo: você acredita na importância da esterilização de cães e gatos antes de serem doados? Se você acredita e coloca em prática, parabéns, você está no caminho certo. Mas se você é daqueles que não vê importância nisso, afinal o que importa é doar o animal e nada mais, eu acho que seria importante esclarecer alguns pontos:

1 – a responsabilidade sobre o cão ou gato resgatado e doado não acaba no momento em que você o entrega nas mãos do novo dono. Tudo o que ocorrer após isso, será em parte, sua responsabilidade também, simplesmente porque toda e qualquer atitude que você tiver com um animal hoje irá refletir no futuro dele. Se você fizer a coisa certa, ele será feliz e terá a chance de uma vida digna. Se você fizer besteira, ele sofrerá.

2 – já que a responsabilidade sobre o futuro do animal doado será em parte sua, obviamente que, se você o entregar inteiro (não castrado) e ele procriar, a responsabilidade sobre os descendentes gerados também será sua. Ou seja, se um dia você descobrir que o filhote do filhote do filhote daquele cãozinho que você entregou sem castrar foi parar no meio da rua, boa parte da culpa será sua. Pois lembre-se: toda atitude sua para com o animal irá refletir no futuro dele.

3 – se você aceitar e estimular pessoas a doarem animais nestas condições, você estará sendo conivente com uma atitude que poderá refletir negativamente no futuro deles. Lembra quando falamos em educação? Pois este é o momento. Se você sabe o que é correto, porém vê pessoas agindo de forma contrária, eduque. Oriente, plante a semente, não seja conivente com atitudes errôneas e que em nada ajudarão a mudar a situação

4 – não pense que todas as pessoas são como você é. Não entregue um animal inteiro acreditanto que o novo dono irá cuidar do resto, porque não é assim que funciona. Estatisticamente, 80% dos animais entregues inteiros (não castrados) continuam assim, ou seja, são potenciais fábricas de filhotes que amanhã ou depois estarão nas ruas também. E com apenas um detalhe: cada cadela ou gata trará 5, 6 ou 8 filhotes por parto. Haverá lares para todos? Obviamente que não.

Portanto nota-se que fazer proteção não é tão fácil quanto possa parecer. Várias etapas terão de ser seguidas com o foco final, que é a doação do animal em perfeitas condições de saúde e devidamente esterilizado à um tutor responsável. Mas aí você pode estar se perguntando: “Eu já tiro da rua, dou banho, comida e até vermífugo. Já não estou fazendo o suficiente?” Não, não está. Simplesmente porque a retirada do animal das ruas é a parte mais fácil de todo o processo, o mais difícil vem a seguir: reabilitar, dar assistência, vermifugar, vacinar, esterilizar, escolher um bom adotante e somente então doá-lo. Se você fizer o serviço pela metade, você estará tomando atitudes que, mais uma vez eu repito, refletirão negativamente no futuro deste animal.

Como fazer então para cumprir com todas estas etapas e poder dormir com a conciência tranquila, sabendo que o que você fez foi um bom trabalho? A primeira dica é jamais querer abraçar o mundo. É bastante complicado, pois em cada esquina vemos cães e gatos famintos e implorando por ajuda. Porém eles são muitos, e infelizmente não se pode salvar todos sozinho. Você precisa ter em mente que mais vale poucos animais salvos de forma adequada, do que muitos resgatados pela metade. Então programe-se. Tenha a certeza de que você poderá arcar com toda a responsabilidade. Pense que este animal necessitará de cuidados, alimentação, vermifugação, vacinação, esterilização para depois ser encaminhado ao novo lar. Não tenha pressa, pois embora existam outros lá fora, também existem pessoas como você e que também estarão fazendo a sua parte. Cuide de um por vez. Não leve 10, 20 animais para dentro de casa, pois acredite, você não conseguirá dar conta nem do mínimo necessário.

Na verdade então, você pode ir por dois caminhos. Se você quer ajudar e não tem como levar pra casa, providencie atendimento para este animal, castre-o e devolva-o para a rua. Passe a monitorá-lo como animal comunitário e coloque-o na prioridade para ser adotado. Isso se chama CED – Captura, esterilização e devolução. Não é o ideal, confesso, mas é uma ótima alternativa para quem quer ajudar e não tem disponibilidade de fornecer lar temporário. Além disso, a CED elimina a necessidade de abrigos que servirão como futuros depósitos de animais e locais de “desova” de centenas de cães e gatos.

O outro caminho é você dar à este animal um lar temporário até o momento da doação. Com o animal em casa, providencie atendimento veterinário. Não faça diagnósticos nem institua tratamentos por conta própria. Procure um serviço que atenda a baixo custo na sua cidade e programe a castração deste animal. Conte com auxílio de ONGs se for o caso, faça uma rifa, convide amigos para ajudar, firme parcerias com veterinários na cidade, mas jamais esqueça: mesmo assim, a responsabilidade sobre este animal ainda é sua. Você o resgatou, é você que deve zelar pelo seu bem estar.

Quando tudo estiver encaminhado e o animal recuperado, comece a procurar um novo tutor. Esta é outra etapa de fundamental importância, pois você precisará de um tutor responsável. De nada adianta doá-lo, se em uma semana ele voltar para as ruas. Ou então ele passar fome, apanhar ou não se adaptar com outros animais existentes na casa. Portanto, converse com os possíveis adotantes. Faça entrevista, pergunte onde moram, se é seguro e limpo, porque decidiram adotar um animal, quais as condições de moradia, se existem outros animais, doenças pregressas, etc. Fale também sobre guarda responsável. EDUQUE, oriente, coloque-se a disposição para tirar dúvidas e sempre que possível, faça uma visita até o local onde o animal irá viver. Faça termo de adoção, em duas vias e assinado por ambas as partes, jamais abra mão disso, pois é a garantia de que você fez a sua parte da forma mais correta possível, e lhe dará respaldo inclusive se um dia você tiver de retirar o animal da casa. Exagero? Claro que não afinal mais uma vez (isso já está ficando até chato), toda a atitude sua para com o animal resgatado irá refletir positivamente ou negativamente no futuro dele. Portanto se você entregar o animal para qualquer um e este animal tiver acesso às ruas e for atropelado, por exemplo, boa parte da culpa da morte dele será sua. Pois foi você quem o colocou naquela casa e nas mãos daquele dono.

Pronto. Se você compreendeu que todas as etapas acima são fundamentais e conseguiu colocá-las em prática, você está efetivamente fazendo proteção animal. O caminho a ser seguido é este e nenhum outro. Boas ações são válidas sempre, mas a racionalidade deverá sempre falar mais alto pois estamos falando de vidas que, dependendo de nossas atitudes, viverão felizes ou não, terão bons donos ou não, serão saudáveis ou não. As decisões são nossas, mas as consequencias refletirão diretamente neles. Portanto pense muito bem ao decidir salvar a vida de um animal, e por favor, faça a coisa certa!



Doação Responsável de animais

Escrito por Lain. Publicado em Bem Estar Animal, Doação de Animais | 12922 visualizações

Frequentemente recebo e-mais de todos os locais do país com fotos de animais para doação e pedidos de ajuda na divulgação. Porém são poucas as mensagens que contém todos os detalhes necessários para que a adoção se dê da forma mais adequada possível, tanto para o animal quanto para o futuro adotante. Então achei legal enumerar alguns pontos importantes na hora de doar um cão ou um gato e que podem ser decisivos no sucesso da adoção:

 - Primeiramente, saiba que a responsabilidade sobre a doação de um animal é sua e de mais ninguém. Abrigos não são a solução, ONGs não possuem lugar suficiente, outras pessoas nem sempre podem ajudar. Então ao resgatar um animal, siga todos os passos até que ele esteja apto a ser divulgado e encaminhado à um novo tutor. Leia sobre Resgate de um animal AQUI!

 - Tire fotos. Ninguém se interessa por um animal que não vê e não sabe como é. Fotos bonitas e com boa resolução chamam a atenção. Arrume o animal, coloque um laço ou uma gravatinha, escolha um local adequado e capriche no clic!

 - Já com a foto, faça um cartazinho bem bonito. Existem sites que disponibilizam esse serviço se você não souber fazê-lo (o Portal Nosso Mundo, por exemplo). Depois espalhe o cartazinho para a maior quantidade de pessoas possíveis,  pet shops, consultórios veterinários, e inclusive divulgue através de redes sociais, como o Twitter, Orkut, Facebook e Google Plus.

 - No cartaz, certifique-se de incluir o maior número de informações possíveis, como idade do animal, porte, sexo, temperamento, pelagem, condições de saúde, bairro, cidade e estado, telefone ou e-mail para contato. Um detalhe importante: Fale a verdade SEMPRE. Se o cão é grande, diga que é. Se é de raça ou viralata, especifique. Jamais tente vender “gato por lebre”, isso fatalmente resultará em fracasso na adoção e devolução do animal. Se ele é bravo, informe. Se gosta de crianças e de outros cães ou se é antisocial, todos os detalhes devem estar bem claros e disponíveis no cartaz de divulgação.

- Informe no cartaz também se o animal é ou não castrado. Aliás, apenas doe animais nesta condição. Mas você pode estar se perguntando porque a necessidade de entregar o animal castrado. Simplesmente porque de nada adianta resolver parcialmente o problema. Ao entregar um cão ou um gato inteiros, você estará oferecendo ao novo tutor a oportunidade de um cruzamento (acidental ou proposital), e consequentemente mais filhotes que poderão, no futuro, irem parar nas ruas, assim como o animal que você resgatou e doou. Tenha em mente que a partir do momento em que você entrega um animal à um novo tutor, a responsabilidade direta sobre o futuro bem estar deste animal será sua. Portanto ao entregar um animal inteiro e o mesmo se reproduzir, você será responsável pelos filhotes que virão.

 - A vacinação e a vermifugação também são itens importantes, animais somente devem ser doados após serem vermifugados e receberem a (s) dose (s) de vacinação (ções) adequada (s) e/ou necessária (s). Pois se você entregar um animal não imunizado, a chance dele vir a adoecer em seu novo lar é bastante grande e você será responsável por isso.

 - Ao decidir pelo novo tutor, certifique-se de que ele terá responsabilidade com o animal. Jamais doe para o primeiro que aparecer ou para pessoas que desconhecem os princípios básicos da guarda responsável. Se você estiver doando um gatinho, exija apartamento ou casa telada e oriente sobre a necessidade de evitar o acesso do bichano às ruas. Faça entrevista, conheça o local onde o animal viverá, se é amplo, limpo, seguro e sem a presença de outros animais doentes.

 - Faça contrato de adoção (veja no link). O novo tutor deverá se responsabilizar por escrito pelo animal, reservando à você o direito de recuperar o animal caso sejam constatados quaisquer tipo de maus tratos. No contrato, o novo tutor se responsabilizará por prover ao animal tudo o que ele necessita para ser feliz e saudável, incluindo ração de boa qualidade e assistência veterinária sempre que necessário. Se por ventura não for possível entregar o animal castrado, essa cláusula deverá constar no termo de adoção, na qual o novo tutor se responsabilizará pela castração.

 - Após a doação, certifique-se de avisar aos sites, redes sociais ou pessoas envolvidas. Dê retorno, pois quem está lhe ajudando nas divulgações precisa saber a hora de parar e se ocupar com outros animais que estejam necessitando. Se possível, recolha os cartazes que você espalhou por aí!

Seguindo estas dicas, seu resgatado terá muito mais chance de uma vida longa e feliz ao lado de sua nova família. Resgate, trate, reabilite, doe…mas sempre com seriedade e responsabilidade. Os animais, agradecem!